O vereador Anderson Meireles (PT do B), com um discurso contundente da tribuna da Câmara Municipal de Aquidauana, na Sessão Ordinária da última terça-feira (11), denunciou a crueldade e a frieza da diretora do Hospital da Cidade, Irene Franco, acusada por ele de estabelecer uma política de “quem deve viver e morrer”, referindo-se ao tratamento dado aos pacientes que chegam ao hospital e são atendidos pelos médicos.
Meireles lembrou do caso do paciente Artêmio, 47, que esteve internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) , passou por um procedimento cirúrgico e depois acabou morrendo por suspeita de negligência médica do hospital.
O parlamentar, que ao lado do vereador Mauro do Atlântico (PT), acompanhou o drama do paciente, contou que o médico que o atendeu receitou uma dieta parenteral (feita por outra via que não a digestiva) caríssima. No entanto, retiraram Artêmio da UTI e o colocaram em um quarto – o que resultou na morte dele.
Segundo ele, o óbito ocorreu por falta do medicamento, mas , não é fato isolado, ou seja, outros estão acontecendo dentro daquele hospital, razão pela qual o vereador sugeriu à Câmara providências. “ Essa Casa não pode ficar omissa”, cobrou.
De acordo com Meireles, a diretora administrativa do hospital, Irene Franco, na presença da médica cardiologista, Auracélia, teria dito que não iria liberar o medicamento com o argumento de que o recurso daria para atender 10 pacientes, ao contrário de um apenas.
“ No Hospital da Cidade há uma definição de quem deve viver ou morrer. Não quero crer que o prefeito ‘Zé Henrique’ esteja sabendo o que está acontecendo”, disparou.
O vereador disse que, depois de o fato ter sido denunciado ao MP (Ministério Público), o município autorizou a compra do medicamento ao paciente, mas já era tarde. “ O que nos assusta é a frieza da diretora do hospital”, resumiu.
“Há dinheiro, tanto é que, depois da determinação do prefeito, se comprou o medicamento. Por que não fizeram isso antes. O paciente deu entrada no hospital no dia 12 de maio passado. Ficou todo esse tempo sem dar o medicamento”, criticou.
Conforme revelou o vereador, após as denúncias sobre o mal atendimento, o médico [não declinou o nome] havia entrado no quarto do paciente Artêmio e ele teria xingado e coagido a irmã dele por ter denunciado o caso aos parlamentares.
“Não foi a irmã, não ! Ela não tem culpa – foi outra pessoa que nos denunciou”, confessou. Ele pediu à presidente a convocação da diretora Irene e do médico para dar explicações à Casa acerca das denúncias apontadas.
Outros casos:
Meireles, também, denunciou outro caso, de uma criança de um mês, que se encontrava internada em Aquidauana e depois encaminhada para Campo Grande, em estado grave. Uma médica ligou para a assistente social do HC cobrando providencias e por que ficou há dias sem receber atendimento.
Ele disse, ainda, que havia sido chamado por uma família, desesperada, cujo paciente não recebia visita do médico. E por último, recebeu a denúncia de uma mãe, a qual reclamou do estado critico da filha, que se encontrava em trabalho de parto e correu sério risco de morrer.
O vereador Valter Neves (PSDB) compartilhou do discurso de Meireles e lembrou do paciente Emerson Pereira (sabiá) que teve o pé amputado com suspeita de negligência e outros óbitos. Ele sugeriu à Casa o afastamento da diretora do hospital, Irene Franco.
“Não podemos esperar que aconteça mais um óbito por negligência”, alertou.
O vereador Mauro do Atlântico (PT) considerou que a diretora do hospital, Irene Franco, perdeu a “sensibilidade humana” nesses três meses, fato que o chocou, principalmente quando o colega Paulo Reis (PMDB) a recomendou que efetuasse a compra do medicamento para o paciente, e ela teria dito que havia recebido outra orientação dos advogados.
O vereador, no entanto, informou que há uma agenda marcada no MP com o fito propósito de buscar encaminhamentos em relação à abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso do paciente Artêmio e de outros envolvidos em denúncias de omissão e negligência médica no hospital.